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Design para negócios!

13 de mar. de 2023

Como podemos ir além das squads e dos produtos digitais e ampliar o impacto no mundo corporativo.

Este é um relato sobre os aprendizados da minha transição no mundo corporativo.


Sempre atuei desenhando produtos e serviços nas tradicionais squads, indo a campo investigar problemas com um objetivo muito definido num produto ou serviço. Mas na última década, o design, como campo de estudo, ganhou relevância e tornou-se parte fundamental para impulsionar a inovação e gerar solução para problemas complexos. Nesse contexto, recebi um convite para repensar o que seria inovação na área de Trade Marketing de uma multinacional.


O design no mundo corporativo, aquele que está em outras áreas não restritas ao desenvolvimento de aplicativos, vai além da função clássica, e assume uma função holística que requer uma abordagem multifuncionalincorporada em todos os aspectos do negócio. É sobre conseguir identificar as necessidades e anseios dos consumidores para dar match entre as necessidades e os objetivos da empresa.


E a primeira atividade ao me deparar com esse cenário, foi justamente mapear as áreas, as pessoas, seus problemas e de seus clientes ou consumidores e as necessidades que cada um tinha. Foi quase um trabalho etnográfico.


💡É fundamental ser comunicativo, desenrolado e prático. Não espere que as pessoas venham até você para conversar. Vá atrás de contatos, peça indicações para a liderança e assim você poderá traçar a sua trilha de exploração.

Nessas conversas, alguns ficam empolgados ao saber que você chegou para ajudá-los em seus problemas, outros nem tanto. Por isso é muito importante manter expectativas bem alinhadas, evitando que o assunto esfrie e você perca a credibilidade, pois alguns pensam que você já sairá desenvolvendo algo. É preciso deixar claro que esse é um mapeamento inicial e que realizaremos uma priorização com a liderança. E com a priorização feita, dê um feedback do desenvolvimento do seu projeto, prazos e movimentos. Nessas conversas é importante demonstrar que você está interessado, que realmente está ouvindo e atento ao desafio.


Após esses passos, minha proposta para a liderança foi de sermos nós os promotores da inovação, em vez de esperar o mercado inovar. Isso não significa que não olharemos para soluções de prateleiras e fáceis de implementar, mas que se não existe nada pronto, seremos nós a desenvolvermos. Para isso acontecer, foi necessário montar um time multidisciplinar (engenheiros, designers, tech e suprimentos) justamente para que tivéssemos capital intelectual para acelerar e aplicar com efetividade nossas criações.


Diferente de quando estava na consultoria ou na agência, aqui as pessoas são movidas a metas. E esse é um ponto de atenção, caso você vá desenvolver projetos de longo prazo. No meu primeiro ano, foi um pouco difícil me adaptar a isso, pois a maioria estava interessada em soluções rápidas em que fosse possível desenvolver, testar e ter resultados maravilhosos dentro de 1 ano — mas quando saímos da esfera do digital, isso nem sempre é possível.


  • Por exemplo, trabalhamos no desenvolvimento de uma tecnologia nova, baseada em outra inacabada que não nos atendia. Foi necessário muito tempo de estudo e cálculos até chegarmos a um protótipo 3D simulando como a tecnologia funcionaria e os resultados desse projeto. Isso foi só ⅓ do caminho. Depois, buscamos verba para o projeto iniciar a construção do protótipo físico, que dependeu de peças vindas do exterior — o que atrasou ainda mais. Estamos nesse projeto há 1 ano e meio.


É importante saber argumentar, falar tecnicamente e também com dados numéricos, para justificar que em alguns casos vale a pena pensar a longo prazo e investir em soluções mais longas, que realmente resolvam o problema na raiz. Com essa visão de metas, muitos ficam tentados em fazer projetos curtos utilizando soluções de prateleiras, que disfarçam, mas não resolvem o problema, e que potencialmente gerará problemas no futuro.


💡E aqui fica uma dica, tive que estudar sobre P&L, ROI, Pay Back entre outros assuntos para vender projetos. É fundamental saber conversar na linguagem de negócios, claro e objetivo, para que a liderança saiba se a solução é factível e se é rentável. Principalmente nesse momento em que investidores querem que sejamos cada vez mais eficientes.

Com o tempo vi que para seguir com um projeto de longo prazo, assim como nos produtos digitais, precisei encontrar uma quebra ideal de entregáveis, que gerassem valor tanto para o usuário como para os “patrocinadores”, seja com números de reduções de custo, aumento de receita, entre outros.




Empresas grandes têm muitas áreas envolvidas na cadeia de um produto ou serviço. Por isso, nunca, jamais faça um projeto sem comunicar ou trazer todos para participar desde o começo. Deixe que eles façam parte da solução, eles têm conhecimento e repertório e podem ajudar muito na ideação e na velocidade do projeto. Quando são envolvidos no meio do caminho, se sentem deixados de lado e podem se tornar um detrator: mais que apoiadores ou patrocinadores, é necessário que eles se sintam donos!


Já tive atrasos no desenvolvimento de um serviço digital, por descobrir no meio do caminho que era necessária a validação da área X pois o serviço era para consumidor final. Descobri que se os tivesse envolvido desde o começo, bastaria termos seguido um guide e algumas orientações básicas — e evitaríamos a refação de metade do trabalho.

Ao longo dessa jornada, você também precisará desenvolver algumas skills que serão importantes para sua saúde e dos projetos que você liderará, como:

  • Saber transitar por outras áreas, ser comunicativo e conectar pessoas e expertises;

  • Desenvolver o seu poder de convencimento e argumentação para conseguir apoiadores;

  • Ser direto e transparente. Discursos longos e muitos rodeios cansam. Executivos querem saber o resultado de investir no projeto. Depois de conquistá-los, você conta a história bonita. Cuidado com os ppts longos;

  • Aprender a ceder e definir quais brigas fazem sentido comprar e quais são apenas preciosismos;

  • Não seja purista, hackeie os seus processos para ser prático para os envolvidos. Saiba quem é o seu público;

  • Criar ambientes saudáveis, abertos e de escuta ativa. Se sua comunicação for unidirecional, você perderá apoio e o interesse dos envolvidos;

  • Medir o resultado de tudo e manter os envolvidos atualizados das evoluções, para entender se estão satisfeitos com o ritmo das ações e não terem surpresas no final;

  • E o básico: garantir que suas criações enderecem os problemas, para garantir uma entrega de valor e não perder relevância.


As pessoas têm visões diferentes de desenvolvimento de soluções. Entendi que para ganharmos relevância é preciso encantar e, principalmente, manter o encantamento até que elas se tornem promotoras e divulgadoras de seu trabalho e da sua área.


Essa foi a oportunidade que encontrei para mostrar nosso valor como designers que atuam para além das tradicionais squads, e se envolvem com o negócio, demonstrando que não faz sentido sermos uma área de inovação isolada nos laboratórios.


Atuando dessa forma, resolvi problemas, mapeei oportunidades e criei soluções que geraram valor para os consumidores, clientes e para a CIA — exatamente nessa ordem de prioridade — além de gerar savings. Em breve pretendo escrever contando sobre alguns projetos.


Designers, os Layoffs que vêm acontecendo nas grandes BigTechs podem ser o turning point de suas carreiras, o gatilho para vocês começarem a explorar novas áreas e tentar algo novo, aproveitem o momento! Para mim, tem sido uma experiência fantástica!


#DesignAlémDasSquad #Inovação #Mundo Corporativo #DesignParaNegócios #Novos Começos



😉



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